quarta-feira, 13 de março de 2013

Um dia de cada vez

Um pouco mais de dois meses se passaram desde o nascimento da minha caçulinha, muitas coisas aconteceram, muitas mudanças não só na minha mas na vida de todos aqui em casa.

A primeira mudança foi a forma como vivenciei o primeiro mês de vida da minha filha. Dessa vez foi muito mais tranquila que a primeira, eu fui capaz de agarrar meu papel de mãe com unhas e dentes, mesmo fragilizada (menos que da primeira vez) tive coragem de questionar a pediatra que receitou "complemento" para minha filha com menos de um mês, mesmo eu tendo bastante leite para amamentar, tudo isso porque ela não ganhava a quantidade de peso que "a criança deve ganhar por dia". Hellooooo!!! Eu não pari uma bonequinha estrela, ela não foi produzida em série, se não se parece com a irmã como vai se parecer com o filho dos outros?! 

Amamentar é muito importante para a mãe e especialmente para o bebê, mas ninguém conta que é algo difícil, que a mãe precisa ter muita vontade de amamentar e principalmente: muito apoio. Apoio de TODOS, do marido seja dando só apoio moral ou levando copinho de água na hora da amamentação, das donas cocotas (são aquelas ilustres desconhecidas que cismam em dar palpite que você não se recorda de ter pedido), sogra, mãe, irmãs, cunhadas, amigas respeitando a opção de amamentação, se calando se não tiver coisas boas para dizer, usando o bom senso, dos pediatras verificando pega, orientando, etc. Pensando nisso a gente passa a entender aquelas que desistiram de tudo e optaram pela "boa", velha, amada, idolatrada, salve-salve: mamadeira (isso é uma ironia, porque todos acham liiiiindooooo uma mãe dando mamadeira para um bebê e um horror outra amamentando. Fica meu manifesto).

Passada essa fase de bicos rachados, esfolados, bebê preguiçosa que não sabe mamar (ah sim, ninguém te conta também que bebês não nascem sabendo mamar, tem que ensinar) veio nova: o ciúme da irmã mais velha. O comportamento dela que já não estava lá aquelas coisas antes e durante da gravidez (está naquela fase em que descobriu que pode pensar por si) no último mês piorou e muito, e me dei conta que era ciúme quando ela quis insistentemente "brincar" de ser nenê. Tive uma conversa franca e perguntei se ela queria ser bebê porque achava que a irmã recebia mais atenção que ela e a resposta foi sim, nesse meio tempo estávamos tentando mudar a forma de educação por aqui, quebrar o ciclo. Tivemos uma educação autoritária que nunca quisemos para nossas filhas, mas inevitavelmente estávamos cometendo alguns erros que sempre cometiam conosco. 

Eu e meu marido sempre conversamos sobre como seria a educação de nossos filhos: sempre muito diálogo, nada de gritos ou palmadas, mas as coisas não saíram como imaginávamos. Quando o diálogo falhava vinham os gritos, os castigos e quando perdíamos a razão (sabe aquele momento que dura um segundo e você se arrepende para o resto da vida?) vinha uma palmada no traseiro, e isso estava nos consumindo por dentro, passada a raiva nós olhavámos para aquela baixinha (que tem o sorriso mais lindo do mundo) e pensávamos: não é assim que queremos educá-la, não é a lembrança que queremos que tenha de nós quando ficar adulta. 

Partimos a procura de outra forma de educar que não a autoritária, então entre os textos que estou lendo estão os que abordam a educação positiva e tem sido bem difícil refrear algumas atitudes minhas, não fui educada para ter auto controle, meus pais não tinham (lembra da educação autoritária?). Quando ela grita ou se descontrola por algo que queira muito tento pensar: "seu cérebro é imaturo e ela não sabe lidar com isso, precisa da minha compreensão", aí abraço, converso, dou atenção e o comportamento negativo, que durava horas e resultava em gritos, castigos, etc., cessa imediatamente após o diálogo, a atitude dela, o olhar, são outros. 

Há momentos que dá certo outros não, mas sei que a culpa de não dar certo é exclusivamente minha, se eu me controlo consigo com que ela se controle, mas se não me controlo é óbvio que ela também não vai conseguir, e manter o controle é às vezes algo bem difícil, sobretudo quando você saiu de casa para buscá-la na creche umas quatro horas atrás, enfrentou ônibus lotado, com gente suuupeeer educada que te vê com bebê e não cede o assento, detalhe: preferencial, sem que você tenha que pedir..., enfim, mas dia a dia tenho conseguido um pouco e assim, um dia de cada vez chegarei lá.

Outra luta diária é vencer a tristeza e o pânico, não sei o quê está acontecendo mas esses tem sido meus companheiros há algumas semanas. Há momentos que tudo parece tão difícil e me sinto tão triste, desamparada, tenho vontade de chorar, não tenho vontade de ver ou falar com ninguém. Se tenho vontade de chorar eu choro até que minhas lágrimas sequem, o difícil é quando isso acontece fora da minha casa, sentir aquele nó na garganta e não poder chorar, dói por dentro. Além dessa tristeza tenho sentido quase todo o tempo um medo muito grande de algo que não sei descrever, é uma sensação realmente muito ruim, um aperto no peito como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer, e isso piora quando vai se aproximando o horário de sair de casa para buscar minha filha na creche (às vezes único "passeio" da semana), preciso fazer um grande esforço para sair, para vencer o medo do inexplicável, nem sempre meu marido pode sair mais cedo do trabalho e eu nem posso pedir que ele saia, já me ajuda demais coitado. Um dia de cada vez vou lutando e sei que um dia isso vai acabar, essa tristeza, o medo, o desânimo irão embora.