sábado, 20 de abril de 2013

Carta para minha Filha

Minha filha às vezes você pode pensar que eu não te amo, mas quero que saiba que meu amor por você vem de muito antes da possibilidade de sua vida existir, nos meus sonhos e brincadeiras de criança a menina que eu imaginava era você: bonita, inteligente, forte, decidida, de opinião... Quando eu e seu pai decidimos que era o momento de sua vinda, antes mesmo da concepção, nós já a amávamos.

Sei que mesmo te amando muito cometo grandes e irremediáveis erros, a vontade de acertar é tão grande que o erro vem no mesmo tamanho, não peço que me perdoe mas que me compreenda. Os erros são meus mas a dor é sua, por isso a escolha de me perdoar ou não também é sua e sei que hoje, aos quatro anos, você não será capaz de me compreender porque ainda acredita que sua mãe é perfeita e infalível, mas conforme for crescendo será capaz de enxergar os meus defeitos, alguns você compreenderá e aceitará outros, talvez, deteste e jamais compreenda.

Você geralmente consegue ser muito clara ao expressar seus sentimentos, mesmo quando não é, sou capaz de ler em seus olhos, nos seus gestos. Hoje mesmo você me disse com toda sinceridade "você não me ama, ama só minha irmã", acredite sei como se sente, como filha mais velha temos sempre a impressão de sermos colocadas para escanteio, temos que ser as perfeitinhas, que nunca cometem o mínimo erro, e isso dói, pesa, castiga. 

Gostaria que conseguisse sentir o quanto eu te amo, que pudesse saber que no meu coração há espaço e amor para você, sua irmã e quantos filhos vierem. Não te amo igual a sua irmã, mas na mesma proporção, na mesma quantidade, seria impossível amá-las igual porque cada uma tem seu jeito de ser, suas próprias características, amo o que cada uma tem de melhor e me preocupo com cada imperfeição porque quero ajudá-las a se tornarem as melhores pessoas que puderem de ser.

Acredito que você nunca lerá essa carta, mas vou me esforçar todos os dias para dizer e demonstrar o quanto eu te amo, porque sei como é bom ouvir, sentir e saber que somos amadas, e isso faz uma enorme diferença em nossa vida, nos faz mais confiantes, mais felizes.




quinta-feira, 18 de abril de 2013

Gâteu au Yaourt (Bolo de iogurte)

Ler é muito bom, eu pelo menos adoro. Mesmo que às vezes o tempo seja escasso, sempre que posso compro um novo título ou empresto na biblioteca.


Uma de minhas últimas aquisições foi o livro de Pamela Druckerman "Crianças Francesas Não Fazem Manha", ainda não terminei mas pelo que li até o momento é sobre a forma dos franceses educarem seus filhos e é bem interessante. Em um dos capítulos ela fala sobre como eles ensinam a paciência às crianças e um dos métodos é a culinária.

Refletindo sobre isso eu cheguei à conclusão de que eles têm uma sabedoria imensa, porque as crianças gostam de se sentir úteis, de poder ajudar com algo e principalmente serem capazes de fazer as coisas sozinhas, minha filha pelo menos se orgulha muito de si mesma quando consegue. E que forma mais gostosa de se aprender paciência do que cozinhando? Você prepara os ingredientes, confere se todos estão disponíveis, providencia os utensílios e finalmente põe as mãos à massa, para quem gosta de cozinhar as horas e os pensamentos voam. Terminada essa etapa é necessário esperar o tempo de cozimento para saborear o quê foi preparado com tanto carinho, e como essa espera é obrigatória a criança aprende que a espera pode ser boa, recompensadora e a preencher esse tempo com outras atividades.

De acordo com o livro a primeira receita que a criança aprende é o Gâteu au Yaourt (Bolo de Iogurte), na qual as medidas utilizadas são feitas no copinho do iogurte da receita, ele parece ser bem simples de fazer possibilitando que os adultos apenas supervisionem a saborosa atividade. Ainda não provei a receita, mas espero na primeira oportunidade poder prepará-lo e prová-lo com minha filha.

Para quem se interessar, segue a receita:

Gâteu au Yaourt (Bolo de Iogurte)

  • 2 potes de 170g de iogurte natural (use o pote para medir os outros ingredientes)
  • 2 ovos
  • 2 potes de açúcar (ou apenas um, se você preferir menos doce)
  • 1 colher de chá de baunilha
  • Um pouco menos de 1 pote de óleo vegetal
  • 4 potes de farinha de trigo
  • 1 ¹/² colher de sopa de fermento químico
  • Crème fraîche (creme de leite fresco) - opcional
Preaqueça o forno a 190ºC.

Unte uma fôrma redonda de 22cm ou uma fôrma de pão com óleo vegetal.

Misture os ingredientes úmidos e em uma tigela separada os secos. Depois junte ingredientes secos aos úmidos e misture até absorção. Se desejar acrescente 2 potes de gotas de chocolate ou outro ingrediente de sua preferência. Leve para assar por aproximadamente 35 minutos. Deixe esfriar.



                                           

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sinto sua falta


Mamãe você estava ali sentada na frente do "cuntador" e eu senti falta do seu colinho, tomei coragem e pedi, você é sempre tão brava, mas minha irmã chorou e você mais uma vez a pegou no colo "Agora não filha, preciso atender sua irmã, depois mamãe te pega". 

Fui para o meu cantinho, papai deu meu leite e fiquei quietinha assistindo meus desenhos, triste porque sinto sua falta sabe? Mas não quis fazer birra, sei como você fica brava e não queria isso, nossa noite foi tão legal. 

Eu tinha desistido de ter meu colinho, parece que você só tem olhos para minha irmã, sei que ela é pequena, mas eu também gosto de colo e sou pequena ainda, aí fiquei esperando o sono chegar. 

De repente ouço sua voz (já te disse como adoro o som da sua voz?) chamando meu nome e oferecendo seu colo, mamãe você não faz ideia da minha felicidade, eu poderia sentir seu cheiro ("lemba" que eu disse que gosto do cheiro de mamãe?), seu calor, sua respiração, seu abraço, que delícia! Me aninhei no seu colinho, senti aquele aconchego bom que só o seu colo tem e na sala iluminada pela TV eu adormeci feliz.


terça-feira, 9 de abril de 2013

Mi-mi-mi

Passei quase toda a minha  gravidez em casa, e não foi porque era de risco ou algo parecido, mas porque a empresa em que eu trabalhava me demitiu aos quatro meses de gestação, e assim descobri que isso é mais "normal" do que pensamos, enfim, isso não vem ao caso. Como passei a maior parte da gravidez em casa e todas as pessoas que eu conheço estavam trabalhando, não me sobrou muita coisa além das redes sociais, com isso passei a conhecer pessoas, fazer parte de grupos e acabei lendo mi-mi-mis em grande quantidade.

Cada pessoa tem seu jeito de vivenciar uma gravidez, houve quem me chamasse de louca por preferir um Parto Natural Humanizado ao invés de uma cesárea eletiva ("Onde já se viu sentir dor se a ciência evoluiu com as cesáreas". Oi?) mas conheci uma pessoa que já perto da trigésima semana não tinha feito pré natal (depois a louca sou eu), de vivenciar a maternagem, tem gente que me acha retardada porque minha filha de 3 meses mama leite materno em livre demanda e não sabe o sabor de um leite artificial/complemento/fórmula, nem chá ("pra cólica" kkkkkk) ou água ("pra sede né com esse calor"), não chupa chupeta para acalmar ("como assim?! tem que dar chupeta para esse bebê!!!") e ganha colo, muito colo sempre que ela (ou eu rsrsrs - também sinto carência do meu bebê) precisa,  com a mais velha cometi o erro de fazer tuuuudoooo o quê não faço com a caçula porque ouvi a "voz da experiência" mas não meu instinto de mãe, página virada, culpa superada (fiz o melhor que pude).

As redes sociais e os grupos que conheci e passei a fazer parte me ajudaram  e ajudam muito nesse período em casa, pude entender muitos erros que cometi, passei a tentar não cometê-los mais, a buscar a MINHA forma de maternagem e não a que os outros quisessem que eu seguisse..., enfim, mas uma coisa às vezes me incomoda neles (principalmente em tempos de TPM, pois é mesmo amamentando ganhei esse "brinde" hahahaha): o mi-mi-mi. "Não consegui amamentar meu bebê porque meu leite era fraco", oi? "Optei por cesárea porque eu não suporto sentir dor" oi? oi?. "Dei um pedacinho de ovo de páscoa para meu bebê porque ele ficou olhando o mais velho comer e pode ficar com vontade, né?" oi? oi? oi?!!!!

Só para exemplificar (porque os casos de mi-mi-mi são muiiiitooooos mesmo) um dia desses em um dos grupos uma mãezinha (acho que esse é o termo mais adequado) publicou sobre um comentário que sua mãe fez sobre a qualidade do seu leite já que ela não se alimentava adequadamente, bom o problema já começa aí achando que leite materno é água. Hello!!! Mulheres amamentam há milênios e não existia leite artificial/complemento/fórmula como elas conseguiam?! Genteeee estou passada, será que em alguma ruína existem escritos antigos sobre como sobreviver sem essa maravilha? Ah me poupe. Aí eu muito trouxa quis ajudar com base na minha experiência de duas filhas, alguma leitura e indicação de grupos sérios (os membros nem tanto) que poderiam auxiliar e minha cara caiu minha gente, se espatifou no chão tamanho mi-mi-mi "meu bebê parou de engordar porque parei de fazer as quatro refeições certinho" (detalhe a criança já tinha mais de um ano, acho que ela deve achar que ela é um leitão para querer que engorde tanto assim), "porque ele não toma água mas faz bastante xixi e cocô" e blá-blá-blá mi-mi-mi e não é que a senhorita encontrou outras "fofas" adeptas do mi-mi-mi? Percebi que eu perdi e parei de gastar meu tempo com tamanha bobagem, amamentar não é ato de amor é de nutrição, mas para as mães que não tem nenhum problema realmente sério que as impossibilite de amamentar (sim porque isso acontece) é fruto da força de vontade, por isso chega de mi-mi-mi e assume de vez "não amamento porque não quero". Affff.

Muitas mulheres, no MEU ponto de vista, tem filho porque isso é "bonitinho". Pensa bem que "fofis" projetar o quarto do bebê, sim porque muitas contratam pessoas especializadas para isso, fazer o chá de bebê (que em alguns caso de chá não tem nada, é um mega evento com as "amigas"), ir comprar o enxoval em Miami ou sei lá onde, etc., etc., etc. Não é crítica, porque como disse cada pessoa DEVE fazer sua maternagem como achar melhor, porém quando o glamour do ensaio de gestante e de newborn termina vem a realidade materna seja das mansões do Gramado ou da casinha no Campo Grande: bebê chora minha gente e muito, mas o segredo do choro dos bebês é um mistério: por que eles choram e não pedem as coisas civilizadamente como qualquer criança? Dãããã será que é porque não sabem falar? Mas tem que ser às 2h da manhã? Hum, entendi seu bebê sabe ver as horas e faz isso só porque ele é um terrorista mirim. Fico pensando se em algum momento dessa trajetória em que uma mulher decide ser mãe ela não pensou em todas as dificuldades que a maternidade tem? Será que todo mundo pensa que todo bebê é lindo, fofinho, cheiroso, "bonzinho" como aqueles das propagandas de fraldas?

Baseando no que eu leio nas redes sociais, no que vejo entre conhecidos a resposta para essas perguntas é não, mas também a pessoa não busca se informar e ver como é a realidade e refletir se está disposta a bancar isso, de apesar das dificuldades ser mãe de verdade e não brincar de ser. Eu acredito que ser mãe não é fácil, a partir do dia que o exame dá positivo sua vida muda para sempre e você vai passar a dedicar boa parte do seu tempo a uma pessoa que nasce totalmente dependente (sempre com protestos de algumas mãezinhas) e vai aos poucos se virando sozinho até chegar o momento de não precisar de você para nada, aí a saudade daqueles tempos em que conseguir tomar um banho relaxante era um verdadeiro sonho. Admiro mulheres que optaram conscientemente por não ter filhos, essas sim pesaram prós e contras e ao invés de ceder a opinião alheia (de que mulher deve ser mãe) fizeram a escolha de não viver de mi-mi-mi e respeitaram sua natureza, não puseram uma pessoa no mundo para que carregasse suas frustrações, sim porque para mim quem fica de mi-mi-mi é uma pessoa frustrada, incapaz de assumir suas escolhas certas ou erradas.

fonte imagem: http://www.nutricionistadenisepinto.com/2013/02/chega-de-mimimi.html