segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Sobre ser boa mãe e Papai Noel


Minhas filhas eu sou uma péssima mãe, tenho pena de vocês. 
Mamãe não vai deixar o Papai Noel trazer o que pediram, e isso me faz uma mãe muito ruim, mas vou explicar o porquê:
- Vocês não precisam de brinquedos caros para serem felizes; 
- Vocês precisam aprender desde cedo que a vida não é tão fácil quanto parece e que nem sempre temos o que desejamos; 
- Precisam aprender a dar valor e serem gratas ao pouco que têm; 
- Precisam aprender a serem felizes no pouco e nunca se desanimarem diante das dificuldades que, lamento dizer, um dia terão, infelizmente.
Meu papel de mãe é tentar ensinar o caminho por onde devem seguir, e às vezes ele poderá ser árido, espinhoso e dolorido, lamento por isso, mas prometo que vou segurar as suas mãos, me ferir com vocês e fazer curativos para as suas feridas.
Se eu tiver sucesso nessa missão, tenho certeza de que um dia vocês me compreenderão e serão gratas por não ter dado tudo o que queriam, por não poupá-las de algumas frustrações e decepções, por fazê-las mais fortes, realistas e sem apego ao material.
Amo muito vocês. 


(Texto de minha autoria, publicado originalmente no meu perfil pessoal no Facebook em 06/12/2015 às 23h27).

sábado, 1 de agosto de 2015

Amamentar é fácil! Só que não

Tem um bom tempo que não escrevo por aqui, tenho que confessar: morro de preguiça. Se eu dependesse de um blog para ganhar a vida morreria de fome com certeza.

O que me motivou a escrever foi algo que, para mim pelo menos, é muito importante: aleitamento materno. Estamos na Semana Mundial da Amamentação (SMAM) que esse ano tem por tema o trabalho e a amamentação e achei que compartilhando minha experiência poderia contribuir ao menos um pouco.

Quem amamenta, já amamentou ou pelo menos tentou sabe o quanto é difícil, que aquelas propagandas promovendo o aleitamento materno nos fazem sentir umas fracassadas, porque "nossa! como é fácil!" e aí logo na primeira mamada você descobre que não é. Puxa Vida!

Ninguém te avisa que os bebês não nascem sabendo mamar e que você não vai saber automaticamente o que fazer, já que nos vendem aquela visão romântica da maternidade: mãe sabe tudo! Mentira! Não sabemos não, aprendemos com o tempo, erramos, acertamos e ganhamos experiência dessa forma, mas até lá...

Na minha primeira filha eu comecei a descobrir as dificuldades ainda na maternidade. Eu tinha muito colostro a ponto de meus seios ficarem endurecidos, aquela boca minúscula não conseguia abocanhar o peito com facilidade e não dava conta de tudo o que eu produzia. Sai do hospital e fui para a casa da minha mãe, veio a apojadura e com ela a dor (porque, óbvio que minha filha não conseguia esvaziar tudo), as fissuras (pega errada) e uma chuva de palpites errados, resultado? Sofri, chorei, tive dores mas não desisti porque para mim era importante demais amamentar, depois de tanta insistência consegui e como foi maravilhoso, eu achava prazeroso demais. Sentia o seio enchendo e assim percebia que minha filha choraria em seguida querendo mamar, sentia o leite saindo enquanto ela sugava, o jeito como me olhava... Era bom demais, mas como tudo que é bom não dura para sempre...

Chegou o fim na minha licença maternidade, como aluna na faculdade eu tinha só 90 dias e tratei de comprar meus vidrinhos para armazenar o leite e deixar para minha mãe dar para a bebê. Primeira ordenha: que frustração! "Só" 80 ml, gente pelo amor! Tenho que encher 500ml, como assim? E pra piorar aquele seio enoooorme, cheio de leite murchou da noite para o dia, nem vazava mais. Ninguém me contou que:
1. lá pelo terceiro mês a produção ajusta e obviamente parece ter menos leite (mas não tem pouco, ok? A gente produz o suficiente para o bebê);
2. você consegue tirar 80 ml depois de amamentar e ainda reclama?

Para ajudar ainda mais (sei que não foi na maldade) minha mãe me ligava em torno de 3 vezes por dia para saber se eu estava conseguindo armazenar e quando eu dizia o quanto tinha conseguido a resposta era "nossa! só?! ai se não tiver suficiente eu não vou deixar chorando e compro uma lata de leite", depois que ela desligava eu choraaaaavaaaaaa e choraaaaavaaaaa e choraaaavaaaa. Como assim gente? Me disseram que era tão simples, alguém tem que me ajudar. E foi aí que eu pedi ajuda para o pediatra e sabe como ele me ajudou? Me deu uma receita de leite artificial, um "complemento". Sai do consultório arrasada, "que droga de mãe eu sou! não consegui ter um parto normal e nem sou capaz de produzir leite para deixar pra minha filha", e novo eu chorei, chorei, chorei... 

Apesar dos trancos, barrancos e frustrações consegui levar amamentação mista (leite materno e artificial) até um ano e meio, quando ela decidiu que não queria mais mamar no peito (ai que nojinho!). Que frustrante! Filha eu não estou preparada!

O tempo passou, decidi ter mais um filho e pensei "oba! agora eu já sei o que fazer". Tá bom! Ganhei uma bebê preguiçosa, ela dormia enquanto mamava e era bem difícil conseguir fazer com que acordasse, e para ajudar ela é mini baby. Sabe aqueles bebês que crescem, engordam mas não dentro da maldita curva (tipo linha de produção)? A própria. Primeira consulta pediatra já olha meio torto para o peso, volta semana que vem e de novo não ganhou o quanto a curva manda, resultado? Ganhei uma receita de leite artificial, mas não aceitei, questionei e ganhei "uma segunda chance". Desespero bateu, o que fazer? Conversei com a minha doula que me indicou uma consultora em amamentação e ainda lembrou que eu tinha ganho uma consulta com ela num sorteio (juro que no dia que ganhei fiquei super frustrada, ainda estava grávida e pensei "para que eu preciso disso gente? já sei amamentar" - bobinha). E lá fui eu aprender a ensinar a mocinha mamar e de quebra uns truques para o leite descer mais fácil. E ela aprendeu tão bem, e gostou tanto que mama até hoje com 2 anos e 7 meses compartilhando com seu irmão caçula.

No momento que decidi ter o terceiro filho fiquei com muito medo que a história se repetisse, mas dessa vez foi tranquilo, pega perfeita desde o primeiro dia, nada de fissura e tudo fluiu. Experiência, sorte, sei lá.

Quando meu sobrinho nasceu a minha irmã teve muitas dificuldades com a amamentação, me ligava tarde da noite ou de madrugada para pedir ajuda, conselhos ou mesmo desabafar. Eu com minha bebê de 8 meses atravessava de ônibus a cidade para ir até a casa dela ajudar, e achei que ela nem ouvia o que eu dizia. Juro, fiquei frustrada. E há pouco tempo atrás descobri que ela conseguiu amamentar meu sobrinho até o sexto mês, e só não foi mais porque com a APLV dele precisava deixar de consumir leite e derivados e estava emagrecendo muito, que ajudou a vizinha e essa segue amamentando até depois de um ano.

O quê eu quis dizer com esse texto enorme? Que informação é importante mas mais que isso é uma rede de apoio, sem isso a gente se sente insegura e não consegue ir adiante, amamentar não é fácil mas com ajuda a gente consegue.