segunda-feira, 10 de junho de 2013

Gentilmente Violentada


Esses dias estava lendo o artigo "Violência no Parto" no site Bebê.com.br da editora Abril e me identifiquei muito, relembrei de algumas situações que vivenciei, tirando a parte de "parto cesárea" (que não é parto é cirurgia), o texto é muito bom. 

"Por estar focada no nascimento do seu filho, a vítima pode não se abalar tanto com a violência obstétrica no momento em que a sofre. Porém, aquela situação pode gerar um trauma futuramente. “Os sintomas podem ser vários, como não conseguir mais transar com o marido, ter uma depressão pós-parto, pesadelos, entre outros”, explica Iaconelli."

O meu primeiro nascimento foi frustrante porque desejava um parto "normal" e acabei eu uma cesárea eletiva completamente desnecessária. Eu sentia que faltava alguma coisa, mas nunca passou pela minha cabeça que tivesse sofrido violência, com tanta fofura e delicadeza fica difícil, você acredita que aquilo é realmente necessário, que sua filha e você podem morrer ou algo de muito ruim pode acontecer.

Relembrando o dia do nascimento da minha primeira filha percebo que toda a minha família foi violentada: EU porque não queria uma cesárea e fui tangida para ela, amarrada entre outras coisas que eu acreditava ser para me proteger (e não era), meu MARIDO porque quase perdeu um dos momentos mais importantes nossas vidas só porque "esqueceram" dele, o "perderam" pelo hospital - lembro de perguntar "cadê meu esposo?" várias vezes e a resposta "estão chamando ele mãezinha" e em nenhum momento esperaram ou realmente o procuraram, foram colocando soro, aplicando anestesia, ligando parafernália, meu marido entrou no centro cirúrgico me encontrou já "aberta" (coisa que juram a todos os pais que nunca verão, sorte que ele não se impressiona) e só conseguiu entrar porque por acaso encontrou com o GO no meio do caminho que perguntou "o quê você está fazendo aqui? arruma uma roupa pra ele" -, minha FILHA porque teve o primeiro contato com gente estranha e suas bactérias, foi aspirada, uma série de procedimentos padrão e sem necessidade para um bebê saudável, filha de mãe saudável e com uma gravidez tranquila e saudável, não pode mamar ou receber colo de sua mãe assim que nasceu, que foi para um berçário durante várias horas (talvez até tenha recebido outro leite sem minha autorização), que quando o pai a acompanhou (ele teve que decidir se deixava a esposa ali indefesa, mas capaz de gritar ou ia atrás do bebê - que poderiam dar sumiço, trocar, ou sabe-se-lá o quê - sorte que a mãe aqui o ajudou a se decidir e disse"vai atrás"), quando a pequena segurou sua mão e parou de chorar porque se sentia segura foi repreendido pela enfermeira "deixa paizinho, ela precisa chorar para limpar o pulmão".

No meu segundo nascimento e primeiro parto, me redimi, me libertei e pude realmente sentir a maternidade em sua plenitude. Gostaria muito que TODAS as mulheres pudessem ter o mínimo de carinho e respeito que recebemos da equipe que esteve comigo.