quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ter filhos é caro?

Quando engravidei da minha filha mais velha recebi uma série de "dicas" como: "aproveite para dormir muito agora porque depois...", "não fique pegando muito no colo, senão mima demais a criança", "não coloque para dormir na sua cama porque isso acaba com a vida do casal" - conselhos completamente dispensáveis e inverídicos (ao menos no MEU caso), mas esse não é o foco, um dos que mais nos preocupou foi "xiiiii, filho dá um gasto! É fralda, leite, escola..., faça economias, abra uma poupança!", juro que cheguei a perder o sono e fiquei pensando "meu Deus, de onde vou tirar o dinheiro?" a vida já era bem difícil sem filhos, com eles então... o quê seria de nós?

Vamos por partes rsrsrs Hoje mais velha, mais amadurecida, mais experiente posso refletir melhor sobre o assunto e concluir que não é beeeem assim. Vou falar primeiro do leite: com a primeira filha a falta de experiência, a ingenuidade, a falta de informação e de confiança me fizeram dar "complemento" aos 3 meses, isso porque eu precisava voltar à faculdade e a pessoa que ficaria com minha filha no horário das aulas não deu o apoio que eu precisava (hoje sei que não foi por maldade, mas por não ter informação adequada) e eu fiquei nervosa com isso, coincidiu com o primeiro grande salto de desenvolvimento, meu seio que até pingava leite da noite para o dia "murchou" e se ajustou à demanda de minha filha (coisa que eu não sabia), desesperada pedi ajuda ao pediatra que não me apoiou/explicou sobre isso e achou mais fácil receitar o "complemento", resultado disso tudo? Gasto enoooormeeee com leite artificial que, vamos combinar, minha filha não precisava. Aí elimino primeiro gasto da lista, a segundinha no alto de seus 8 meses nunca soube gosto, cor, cheiro de leite artificial, pois munida de informação não permiti que isso entrasse em sua vida, mesmo o pediatra receitando com menos de um mês porque minha filha não ganhava o peso de acordo com a curva (oi?).

Outro grande gasto é o de fraldas, que quando boas são caras além do prejuízo ecológico, com a mais velha foram caixas e mais caixas, a segunda usa menos mas também já gastei um bom tanto (sorte que ainda estou usando as do chá de fraldas) e vou começar a gastar menos ainda, porque descobri as fraldas de pano modernas que são bem mais práticas e bonitas do que as usadas por nossas mães no passado. A princípio, tenho que confessar, tive um certo preconceito, achei meio retrógrado, e fiquei pensando como eu as secaria no meu nano apartamento na mais que minúscula área de serviço, mas depois de conversar com quem as usa, participar de grupos descobri que não é um bicho de sete cabeças e vale o investimento inicial, que é meio alto mas compensa a longo prazo.

Claro que estou falando das MINHAS escolhas, cada um faz o quê acha melhor, como acha melhor, se acha melhor. EU estou feliz com as escolhas que fiz e desde que não afetem a mim, minhas filhas e minha família, não me interesso pelas escolhas alheias. 

O quê eu percebi que realmente economiza é na escolha do que minhas filhas irão consumir, nisso eu incluo alimentos e brinquedos. Para quê gastar uma quantia realmente alta em um tapete de atividades se um "cafofinho" feito com edredons é muito mais gostoso? Por que pagar uma fortuna em um brinquedo lindo, pedagógico, com luz, som e sei lá mais o quê se uma simples fita de cetim faz a felicidade da minha pequena? Qual o sentido de comprar um duende que conta histórias se eu mesma posso lê-las para minhas filhas, todas aconchegadinhas no colchão? Por que pagar caro em um biscoito só porque tem vitaminas, ferro... se eu posso cozinhar (ao mesmo tempo que preparo o almoço/jantar da família) um bolo, biscoito ou algo simples e gostoso que contém um ingrediente que nenhuma indústria é capaz de produzir: amor de mãe.

Vendo uma propaganda de uma mesa de atividades outro dia comentei com meu marido "olha amor, que lindo!!!", aí parei, pensei e disse pra ele "essas propagandas não são feitas para as crianças, são feitas para os pais pensarem que precisam disso e nossa filha realmente não precisa. As crianças da nossa geração e as anteriores desenvolviam muito melhor sua motricidade sem precisar desse tipo de coisa".

As coisas são bem mais simples do que parecem, a gente é que complica, e só descobri isso (infelizmente) com a segunda filha. Na minha primeira gravidez fiz planos, tive sonhos, imaginei coisas mil vendo aquelas revistas sobre bebês, me frustrei porque não pude realizar nada daquilo. O quartinho perfeito com nuvens pintadas no teto, berço, cômoda e guarda roupa combinando, trincando de novo, enxoval maravilhoso escolhido peça a peça, ensaio de gestante, ensaio de newborn... o quê minhas posses permitiram: estrelinhas compradas em lojinha barata coladas no teto, berço semi novo ganho na vaquinha do pessoal do departamento do marido, cômoda que foi do meu primo depois da minha avó recauchutada com pintura feita pelo marido e puxador de borboleta baratinho comprado em loja de artesanato, guarda roupa só teve um que era nosso depois que ganhamos um usadinho maior, enxoval de roupinhas usadas (praticamente novas) vindas de amigos e parentes (comprei uma ou duas peças, o restante das novas foram recebidas de pessoas que vinham visitar ou mandavam de presente), fotinho de grávida tirada do jeito que foi possível com a câmera velha, fotos do nascimento e do recém nascido tiradas com a máquina emprestada da minha irmã (só tivemos condições de comprar uma nova e melhor quando Hannah tinha 5 meses, e ainda assim mega parcelada), apesar disso tudo (que me frustrou por muuuitoooo tempo) nossa filha cresceu feliz, bem, saudável ou seja, não precisava de nada daquilo que eu achei que precisasse e que me chateava cada vez que as pessoas me diziam que aquilo era bobagem (agora eu concordo com elas).

O quê eu quero dizer com tudo isso? Que minhas filhas não precisam de tapete de atividades, duende que conta história ou qualquer outra coisa que tira a graça da infância e me afasta da maternidade. Eu posso dar tudo de melhor à elas sem me render ao que as empresas querem que eu pense ser necessário, posso me sentar ao lado da cama de minhas filhas e ler histórias com elas, podemos inventar brincadeiras, criar cafofos e cabanas de lençóis, travesseiros e edredons e nos divertirmos tanto quanto se tivéssemos brinquedos caros e que logo serão esquecidos. A "dica" de que ter filhos é caro e necessita de preparação financeira acaba não sendo tão verdadeira quanto eu acreditei por tanto tempo, a experiência e maturidade hoje me permitem ver as coisas de outra forma, e creio que daqui há alguns anos melhor ainda. A lição que tirei disso tudo? SIGA SEUS INSTINTOS - SEMPRE, ouça conselhos e dicas mas filtre e guarde só o que for realmente útil.

2 comentários:

  1. Patty querida!

    Meu carinho e admiração por você só crescem a cada dia!!! Você é uma super pessoa e com certeza uma mãe paçoca doce e especial!!!

    Tenho todos esses medos, principalmente em relação a $$$ e lendo seu texto, tive certeza q o realmente vale são os valores, não das coisas, mas das pessoas!

    Bjo recheado de carinho
    =*)

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    Respostas
    1. Obrigada Mada!!!

      Também te admiro muito. O valor de certas coisas a gente só aprende com o tempo, ainda não amadureci o suficiente para ter um desprendimento total, mas ainda chego lá.

      Beijos.

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